Este ensaio propõe uma reflexão sobre a natureza do conceito de "mão invisível" no pensamento econômico de Adam Smith. Este conceito não ocorre apenas uma vez na Riqueza das Nações e três vezes em todo o trabalho de Smith, mas não pode de forma alguma ser associado a uma justificação moral do mercado como instituição espontânea que sempre garante uma alocação de recursos tão eficiente quanto justa, graças à interação de agentes econômicos guiados por motivos egoístas. Smith julga a sociedade comercial através dos olhos do espectador imparcial, que dita as leis morais. O espectador imparcial julga a prodigalidade e a especulação de forma negativa e os gastos de luxo orientados para a compra de bens duráveis de forma positiva. Ele identifica vícios morais, como a vaidade ou emulação dos ricos, como a base da acumulação de capital. Entretanto, ele está pronto para justificar esses comportamentos em nome do que agora chamamos de eficiência dinâmica, ou seja, a capacidade das escolhas econômicas de gerar desenvolvimento. A perspectiva da eficiência dinâmica também está presente quando Smith invoca a mão invisível para criticar uma forma de egoísmo que não é moralmente aceitável, a do lobby comercial que subornou governos em nome de um suposto bem público e obteve leis que protegem seu comércio da concorrência estrangeira. Smith acredita que o protecionismo prejudica, mais do que a eficiência estática do mercado, a capacidade do mercado de dar origem a um desenvolvimento equilibrado, seguindo o progresso natural da opulência. Não pode haver desenvolvimento a menos que o capital de um país seja priorizado internamente, mas para conseguir isso é mais prudente confiar no interesse dos investidores do que na proteção do comércio.

ADAM SMITH, A "MÃO INVISÍVEL" E A CONEXÃO ENTRE DESENVOLVIMENTO E JUSTIÇA

Guidi Marco Enrico Luigi
2021-01-01

Abstract

Este ensaio propõe uma reflexão sobre a natureza do conceito de "mão invisível" no pensamento econômico de Adam Smith. Este conceito não ocorre apenas uma vez na Riqueza das Nações e três vezes em todo o trabalho de Smith, mas não pode de forma alguma ser associado a uma justificação moral do mercado como instituição espontânea que sempre garante uma alocação de recursos tão eficiente quanto justa, graças à interação de agentes econômicos guiados por motivos egoístas. Smith julga a sociedade comercial através dos olhos do espectador imparcial, que dita as leis morais. O espectador imparcial julga a prodigalidade e a especulação de forma negativa e os gastos de luxo orientados para a compra de bens duráveis de forma positiva. Ele identifica vícios morais, como a vaidade ou emulação dos ricos, como a base da acumulação de capital. Entretanto, ele está pronto para justificar esses comportamentos em nome do que agora chamamos de eficiência dinâmica, ou seja, a capacidade das escolhas econômicas de gerar desenvolvimento. A perspectiva da eficiência dinâmica também está presente quando Smith invoca a mão invisível para criticar uma forma de egoísmo que não é moralmente aceitável, a do lobby comercial que subornou governos em nome de um suposto bem público e obteve leis que protegem seu comércio da concorrência estrangeira. Smith acredita que o protecionismo prejudica, mais do que a eficiência estática do mercado, a capacidade do mercado de dar origem a um desenvolvimento equilibrado, seguindo o progresso natural da opulência. Não pode haver desenvolvimento a menos que o capital de um país seja priorizado internamente, mas para conseguir isso é mais prudente confiar no interesse dos investidores do que na proteção do comércio.
2021
Guidi, MARCO ENRICO LUIGI
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